quarta-feira, 19 de setembro de 2018

As deusas Vênus do Paleolítico

A gama de deusas Vênus do Paleolítico é muito ampla, mais ampla do que a arte rupestre. Ele ocorre em locais como a França (Pirinéus e Dordogne), Inglaterra, Itália, Alemanha, vários ex-países do Leste, e algumas estatuetas da Rússia, incluindo a Sibéria que não retratam necessariamente as deusas Vênus, mas que são registros de atividades locais. Uma exceção importante é a Espanha, que até agora, apesar de inúmeras pesquisas, tem ofertado uma ou duas estatuetas, geralmente sendo casos duvidosos. O número de conhecido de Vênus do Paleolítico é muito importante: são quase 250 estatuetas.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Estudo revela que o Homo floresiensis desapareceu há cerca de 50 mil anos


Entre as possíveis razões, contudo, não há como descartar que a presença do Homo sapiens tenha contribuído para o sumiço dos hobbits, da mesma forma que se postula em relação aos neandertais — outra espécie humana que desapareceu da Europa pouco tempo depois da chegada do homem moderno. “Nós temos de manter em mente que não temos evidência da presença do homem moderno em Flores naquele tempo, há mais ou menos 50 mil anos atrás. A evidência mais antiga disso data de 11 mil anos atrás. Mas sabemos que os homens modernos estavam em outras ilhas da região por volta dessa época e alcançaram a Austrália há 50 mil anos. Pelo menos para a Austrália, o peso da evidência aponta para os humanos desempenhando um papel decisivo na extinção de animais endêmicos gigantes, a megafauna, que vagueavam pelo continente”, afirma Bert Roberts, também autor do trabalho e pesquisador da Universidade de Wollongong, na Austrália.

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http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2016/03/31/interna_ciencia_saude,524982/estudo-revela-que-o-homo-floresiensis-desapareceu-ha-cerca-de-50-mil-a.shtml

O Brasil foi «descoberto» há 50 mil anos

Por Manuel Giraldes

Em Portugal, muitos pensam que o Brasil tem uns escassos 500 anos. Mas descobertas recentes indicam que os homens habitam aquelas terras há pelo menos 50 mil. As mais antigas manifestações artísticas pré-históricas foram encontradas no Parque Nacional da Serra da Capivara, que foi classificado pela UNESCO como património da humanidade.

Selvagens. Primitivos. Crianças grandes. Os europeus que descobriram as Américas partiram do princípio de que os índios eram seres sem cultura ou história, que viviam numa espécie de eterno presente. E essa presunção paternalista acabou por «legitimar» toda a espécie de barbaridades por parte dos «descobridores», que se sentiam no direito de os tratar apenas um pouco acima dos animais.
Logo em 1511, portanto uma escassa década após a chegada de Pedro Álvares Cabral, uma das expedições de Fernando de Noronha, arrendatário da Coroa portuguesa na exploração de madeira, trazia do Brasil um carregamento variado, que incluía pau-brasil, papagaios... e índios (14 homens e 22 mulheres). Em 1527, Diogo Garcia levaria para Castela mais 80 «exemplares» de tão exótica espécie. O sobranceiro descaso, que alimentou um genocídio que ainda não chegou ao fim, continua a ter ecos nos dias de hoje: já em 2000, um deputado brasileiro causou um grande sururu ao afirmar que o índio não é uma «pessoa humana».
Imagine-se a surpresa de muitos quando, em terras brasileiras, começaram a surgir artefactos e manifestações artísticas que provam que os primeiros povos que habitaram o país têm atrás de si um longo, rico e misterioso passado. As descobertas mais sensacionais têm pouco mais de três décadas: na sequência das escavações levadas a cabo por uma expedição franco-brasileira na serra da Capivara, no Sudeste do estado do Piauí, foram encontrados vestígios com cerca de 50 mil anos.

O mais antigo

A relevância das descobertas levaria à criação, em 1979, do Parque Nacional da Serra da Capivara, que em 1991 viria a ser classificado pela UNESCO como património da humanidade. Não é caso para menos: um dos seus sítios arqueológicos, o Boqueirão da Pedra Furada, é hoje considerado o mais antigo e o mais importante das Américas. Ao todo, já foram localizados 345, dos quais 240 com pinturas ou gravuras rupestres.
O «brasileiro» pré-histórico, que até há 12 mil anos viveu numa luxuriante mata atlântica que servia de habitat a mastodontes, preguiças de oito metros de altura e tatus gigantes, não reconheceria a catinga que hoje reveste a serra, essa mata enfezada formada por árvores pequenas, de folhas frágeis, tortuosas e algo raras. Mas não teria dificuldade em identificar as pinturas a vermelho, amarelo, branco, cinzento, preto e azul que cobrem as paredes calcárias dos abrigos.
As mais recentes – surgidas há pelos menos 12 mil anos, desapareceram seis milénios depois – mostram homens que dançam, que praticam sexo, caçam e lutam, e, até, um parto. As representações, algumas de uma rara beleza, caracterizam-se por um movimento que lhes confere uma vitalidade muito própria. As mais antigas apareceram há aproximadamente 109 mil anos e só se extinguiram há cerca de quatro mil. Estáticas, seguem padrões que não têm a ver com as cenas rituais ou da vida quotidiana.

A primeira arte

No Sítio do Meio, escavado entre 1989 e 1992, foram encontrados fragmentos de cerâmica com oito a nove mil anos e uma machadinha feita de pedra polida com mais de nove mil. No Boqueirão da Pedra Furada, explorado entre 1978 e 1988, existe um paredão rochoso coberto de pinturas, algumas das quais feitas a oito metros de altura. Foi aí, aliás, que surgiram provas de que o homem pisou o continente há pelo menos 50 mil anos – as mais antigas jamais descobertas e as primeiras manifestações artísticas surgidas em terras americanas.
A teoria clássica admitia que, no máximo, a América fosse habitado há umas três dezenas de milhares de anos. Os achados de Capivara vêm obrigar os homens a reescrever a sua história. Não é de estranhar, portanto, que a serra tenha sido o local escolhido para a instalação do Museu do Homem Americano.


A história é apenas uma parte do conhecimento e do respeito pelo outro. Rituais, mitos, religiões, tradições, costumes, valores e saberes – tudo isso faz parte duma mundivisão que é preciso descobrir e respeitar. Para que não se repitam os erros dos colonizadores e dos primeiros missionários. Que escreviam sem problemas de consciência coisas tão selvagens como esta: «Não é de surpreender que esses índios, sem fé, sem leis, sem escrita e sem arte, hajam praticado desordens tão monstruosas» (Frei Martinho de Nantes, 1672).